Feminismo VS outros movimentos/conceitos associados


{Ajuda a ganhar seguidores? Só tenho 15 porque nunca divulguei este cantinho, não sei se devia ter deixado o FS...}
Ohayou, sapinhos! Antes de mais, fica aqui o aviso de que já fiz o [tutorial] para tornar layouts responsivos, juntamente com uma base editável.

Hoje trago apenas algumas definições, e o post será muito mais curto que o anterior - até porque sei que ainda quase ninguém teve tempo de o ler, muito menos de comentar. Talvez o tutorial acima vos motive a comentar mais? ;) Embora eu seja a ultima pessoa a poder queixar-me... Enfim, vim falar de obviamente feminismo, e de outros movimentos e conceitos associados como o humanismo, o egalitarian...

Nota importante: este post não tem o propósito de dizer qual movimento é melhor, apenas esclarecer sobre a definição, sobreposição e distinção entre movimentos - desde que a pessoa lute por justiça, o nome que dá a si própria é uma questão irrelevante. Contudo, pretendo sim explicar porquê que me considero uma feminista interseccional.

Fontes: www www (especialmente a segunda resposta) www www www www www

» art by: cynthia tedy «
Humanismo
Zeus do céu, vou tentar explicar isto depressa: o humanismo é um ramo da filosofia. Não o comparem com movimentos por justiça social. Basicamente afirma que os seres humanos não precisam de religiões para agir eticamente, porque o cérebro serve para alguma coisa. Sim, eu estou a ser simplista, mas apenas porque só mencionei isto para esclarecer as pessoas menos informadas.

Apesar de tudo, o nome "feminismo" surgiu antes, então para quem quiser saber porquê que o movimento se chama feminismo em vez de humanismo, digo isso mais à frente.

Iqualitariasmo
O nome provém da palavra "igualdade", que é o objetivo do movimento. Tem como objetivo principal a descentralização do poder e a remoção das desigualdades económicas. Notas:
  • Há quem diga que engloba o feminismo porque acreditar na igualdade de toda a gente também implica acreditar na igualdade entre sexos/géneros (isto considerando a definição mais restrita de feminismo).
  • O primeiro registo da palavra data de 1874, contudo antes já existiam movimentos que contemplavam os mesmos valores, só que sobre nomes distintos.
  • É considerado um movimento um morto, sendo pouco ativo e só lutando por direitos na teoria. 
  • Costuma ser criticado pois muitas pessoas só afirmam que são equalitarians para silenciar o feminismo ou desmerecer as contribuições deste - por exemplo, acusando o feminismo de ter double-standards através de [piadas] que contudo só denotam que quem as fez não sabe nada sobre feminismo. Também é usado como "escudo" para alguém afirmar que, sendo desse movimento, não pode ter preconceitos. 
  • Algumas das suas filosofias mais notórias são o socialismo (liberal), comunismo, anarquismo social, progressivismo...
Há quem explique a morte do movimento por ele não ter mesmo como obter resultados: Apesar de defender a igualdade, muitos membros fecham os olhos ao facto de várias formas de preconceito ainda existirem, e acreditam na meritocracia. Ora:
  • Se não se reconhece que um certo problema (neste caso, formas de discriminação) existe, não se pode tomar medidas contra ele e ignora-se o que outras pessoas afirmam sobre o assunto.
  • A meritocracia diz que toda a gente consegue resultados se se esforçar/tiver mérito. É um [mito] porque ignora o facto de que nem toda a gente nasce igual - por exemplo, uma pessoa pobre terá de trabalhar mais para pagar os estudos, sobrando-lhe menos tempo para estudar. A longo prazo, as desvantagens podem realmente bloquear o caminho a alguém. 
  • A solução seria lutar pela [equidade] - isto é, compensar pelas desvantagens - mas o movimento recusa isso pois, não reconhecendo a disparidade inicial, acha injusto que não se dê os mesmos recursos a toda a gente. Assim, muitas vezes o esforço por acabar com a desigualdade económica acaba por ser exercido na direção errada, aumentando o fosso.
Feminismo
O movimento chama-se assim porque se o nome derivasse da palavra "igualdade", as intenções não estariam claras - há duas maneiras de atingir a igualdade: dando direitos aos grupos que não os têm, ou tirando aos que os têm. Como no começo o foco era dar direitos às mulheres e não tirá-los aos homens, chamou-se feminismo para denotar tal [analogia com dinheiro]. Notas:
  • Ao contrário do que as pessoas pensam, o feminismo não é só sobre questões de género, embora esse seja o foco do feminismo mainstream. Mas na realidade, engloba todas as questões que o movimento igualitário engloba em termos de centralização de poder, e mais ainda, por ter muitas vertentes.
  • A palavra foi criada em 1837 por Charles Fourier e o movimento divide-se em 3 ondas: a primeira deu-se ao longo do século 16, a segunda começando em 1960, e a terceira começou por volta de 1990 e estende-se até hoje.  
  • Embora o objetivo final seja atingir a igualdade, o feminismo reconhece que no estado atual da sociedade teremos de nos remediar com a equidade, diferindo do movimento equalitarian nesse aspeto.
  • O movimento é muito mais ativo, tanto online como irl, do que o iqualitarismo, recebendo mais atenção mas também por isso sendo mais controverso. 
  • Caso alguém não tenha percebido: O feminismo não implica que homens não têm problemas - por um lado porque hoje em dia feminismo trata de todos os géneros (igualdade de género só é igualdade se, bem, se comparar a posição em que os vários géneros se encontram -.-), por outro porque mesmo quando não o fazia ninguém é impedido de lutar em várias frentes, e por último porque problemas que afetam especificamente os homens também são causados pelo sexismo, e um dos objetivos principais do feminismo é combater isso. 
Este movimento tem muitas correntes, embora algumas sejam tão exclusionárias que eu nem sei como é que se consideram "feminismo", pois em alguns aspetos opõe-se ao propósito do mesmo. Cá estão eles:
  • Feminismo interseccional: é o meu feminismo e o que mais exige comunicação entre as pessoas: Reconhece que pessoas de vários géneros experienciam diferentes facetas da vida, e que "Padrões culturais de opressão não só estão interligados, mas também estão unidos e influenciados pelos sistemas intersecionais da sociedade." - Kimberlé Crenshaw. Alguns desses sistemas são: raça/etnia, classe, orientação sexual/romântica, corporalidade, capacidades físicas, neurotipo, crença religiosa, idade... Foca-se em combater não o patriarcado, mas o kyriarcado (yup, eu não sei traduzir, mas têm info [aqui]):
    • Feminismo negro: Subcategoria do interseccional, são muitas vezes tratados como sinónimos. A única diferente é que em vez de dar um peso aproximadamente igual a todos os assuntos, foca-se mais em questões etno-raciais, de classe, de cultura e de religião. 
    • Transfeminismo: Subcategoria do interseccional, foco em vivências trans. É uma corrente cada vez mais conhecida, pelo facto de se estar a notar que grande parte das outras correntes feministas falham precisamente por serem cissexistas, em oposição a esta corrente.
  • Mulherismo: Oposto ao feminismo branco e semelhante ao feminismo interseccional no reconhecimento de pautas etno-raciais, o termo tende a ser usado por mulheres negras, em especial Africanas. Nem sempre se inclui no feminismo porque não vê problema na existência de papéis de género, assim sendo um pouco cissexista e tradicionalista. Ótima crítica [aqui]. 
  • Feminismo radical/femismo: O propósito é combater o patriarcado, que garante a dominância do homem e utiliza o sexismo como ferramenta para oprimir. O problema é que corrente é dominada por TERFS/TWERFS e SWERFS, que como eu mencionei [aqui], invalidam/excluem constantemente pessoas trans e prostituas ou pessoas muito sexuais, respetivamente, e acabam mesmo por concordar com conservadores em vários aspetos. Também tende a exagerar o conceito de heterossexualidade compulsória. A sério, vejam o começo do link.
  • Feminismo liberal/universalista: Defende a capacidade de as mulheres fazerem e manterem as suas próprias escolhas, baseando-se na premissa do Iluminismo. É um feminismo individualista que dá luta ao capitalismo, já tendo conseguido grandes coisas, como o direito ao voto. Apesar de ter considerado paralelos com a discriminação sexual e racial, aproximando-se de noções interseccionais, tende a ser cissexista, pois combate a noção de que mulheres são menos capazes fisicamente (e até mentalmente) que os homens, apesar de essa ser uma questão de pessoas afab (assigned female at birth). É a corrente mais mainstream. 
  • Feminismo branco: recusa-se a incluir questões raciais no seu movimento por ser [colorblind], isto é, clamar que "somos todos pessoas" e que trazer cor ao barulho é divisivo - então, mesmo sendo o único tipo que não contradiz o propósito do feminismo, é hipócrita porque feministas ouvem frequentemente que é divisivo falar de género nos dias de hoje. Não reconhecer que racismo e colorismo existe e beneficia pessoas brancas minimiza as contribuições do movimento.
O feminismo interseccional é de importância extrema para mim pois é o único que tem chances de não colocar as pessoas umas contra às outras, pois é o único que não se atreve a adivinhar a dose de sorte que uma pessoa terá na vida por conta do que tem no meio das pernas: "Este rapaz é negro, mas como é homem, não vai ser tão oprimido como aquela mulher lésbica" - Qual é o ponto em relativizar as dificuldades das pessoas? O objetivo deve ser solucionar o que está mal, não invalidar as dificuldades pelas quais alguém passa, mesmo que pessoalmente nem compreendamos essas dificuldades. Também é o movimento mais inclusivo que conheço, que gradualmente tem cada vez mais cuidado com a linguagem, e está a aprender a evitar que safe-spaces censurem as pessoas. É o único movimento capaz de representar toda a gente, e que é constituído por pessoas que não olham só para o próprio umbigo. 

Isto dito, claro que há assholes que se intitulam feministas interseccionais, e eu não duvido de que há gente de outros movimentos/correntes (ou de nenhum!) que é inclusiva na prática. Mas eu sou daquelas pessoas que precisa de palavras que traduzam o que penso, e o conceito de "interseccionalidade" é um dos que mais exprime os meus valores. E toda a gente tem o direito à auto-afirmação.

Para encerrar o assunto do post, aqui está a comic [how to slay the oppression dragon] ^^

Algumas novidades?
Tenho de recomendar [esta analogia] linda sobre apropriação cultural - é mil vezes mais fácil de entender que o meu post.

Estou a terminar uma das únicas séries que vi na vida a série Demónios de Da Vinci, e está a ser tão melhor do que eu esperava que decididamente vai receber uma mega-resenha. O mais maravilhoso é que a tenho visto com a minha irmã e com o meu pai, portanto tenho alguém com quem surtar ^^

Por fim, tenho desperdiçado algumas horas preciosas a jogar Fallout 4 e eu realmente adoro como é daqueles jogos quase infinitos e em que cada pequena escolha leva a consequências diferentes. Fazer as missões da história principal? Nah, tenho outras prioridades... Por exemplo, já conquiste a crush e portanto agora já me posso resignar ao facto de que nunca terei tempo para adiantar o jogo como queria.

Sinto que as minhas férias estão a voar e isso é deprimente, e mesmo que eu tenha conseguido recuperar algum tempo perdido, nunca conseguirei retomar devidamente à blogosfera. Até já dei mesmo vários objetivos aparentemente simples por perdidos, como 1) comentar nos blogs das pessoas 2) fazer um layout ambicioso (mas vou conseguir trazer um simples em breve) 3) traduzir o meu projeto lgbt+ para inglês e começar a publicitá-lo.

Era isso, divirtam-se ^^

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